“Ama ao próximo como a si mesmo.”
Nos ensinamentos cristãos, budistas e outros, esta orientação é sempre presente. Ao observar a postura/comportamento das miúdas pessoinhas que hostilizaram as pessoas especiais – os médicos cubanos – que vieram ajudar nosso povo a ter saúde e vida, assusto-me e pergunto: “Quais são suas (des)orientações espirituais?” Tal situação deixa-me ( e a muitos, tenho certeza) tão decepcionados e envergonhados que recusamo-nos a crer que é verdade, e que acontece em nosso querido Brasil.
Em debates recentes sobre implantação de ações afirmativas pró igualdade racial, algumas pessoas, para criticar tais leis, afirmavam veementemente que aqui não há racismo, por isto, não necessárias as cotas, etc.. Pelas estatísticas e pela observação, sabe-se que a realidade é outra. E agora, com este vergonhoso incidente, escancara-se a enfermidade de parte da população: racismo, egoísmo, complexo de superioridade. O que é ser superior? Felizmente, não é a postura da maior parte da população; infelizmente vem de uma privilegiada parte com curso superior. Que pena!
Quando crianças, nosso grande objetivo é: viver o presente e aprender. Aprender tudo. Nossa curiosidade aguçada nos impele às descobertas. Corremos riscos. Questionamos muito; respostas vagas não nos satisfazem. É a fase mais enriquecedora para o conhecimento. Fase excelente para formar gente. Oportunidade muitas vezes ignorada por alguns pais e educadores.
Nas escolas ensina-se quase tudo! E falta muito! Enveredamos pelas fórmulas matemáticas e não aprendemos a dividir o pão. Aprendemos as leis da física e ignoramos as da justiça. Identificamos o sujeito e o predicado, mas não somos sujeitos de ações positivas. Não percebemos que o valor econômico de uma casa é sempre menor que o valor afetivo e moral de um lar harmonioso, aconchegante. Nossos lares têm a base sólida necessária para acolher? As famílias têm ensinado o amor? Os pais e mães têm dado exemplo de amor à humanidade? Ou apenas o pequenino mundo familiar é importante? As violências diárias são frutos de quê? E os preconceitos? Os grandes veículos de comunicação, o que têm, na verdade, ensinado e fomentado?
E cidadania? Aprendemos a exercê-la corretamente? Sabemos de sua importância e imprescindibilidade? Ou achamos que cidadania é apenas ser do contra? Apenar repetir como papagaio o que a grande mídia nos passa? É necessário que cada um exerça seu direito de cidadão e de ser humano, e participe mais da vida política de nossa cidade. E não estou falando aqui de política partidária, e, sim, de informar-se sobre o que acontece em sua rua, seu bairro, sua escola, sua empresa, que afeta a comunidade direta ou indiretamente. Nosso país, como citei em artigo “Impossibilidades ou Pretextos? Defender a Classe Médica ou Defender a Vida?” (julho), tem mais de cinco mil cidades, mais de duzentos milhões de habitantes e a média de apenas 1,8 médicos por mil habitantes.. Além disto, pouquíssimos destes atendem às pessoas mais necessitadas, pouquíssimos admitem trabalhar em cidades interioranas. As inscrições foram abertas e apenas mil e noventa e seis (1.096) médicos brasileiros se apresentaram.
Busquemos informações mais completas e mais verdadeiras, cara leitora e caro leitor. E, informado (a), devemos questionar, aplaudir, sugerir, colaborar, enfim, trilhar o bom caminho, que leva à dignidade da espécie humana.
Nas escolas de todos os níveis em outros países, especialmente Cuba, os estudantes têm em sua grade curricular, disciplinas para formação humanitária. Se antes eu já percebia a necessidade destes conteúdos, agora eu tenho certeza.
A ignorância de algumas pessoas com curso superior, - os médicos e outros apoiadores – que, no momento de agradecerem a vinda de pessoas especiais, para cuidar de nosso povo, as hostilizam, ofendem, comportam-se com racismo e xenofobia, é assustador! Que formação é esta?
Felizmente, alguns pais, educadores e formadores de opinião têm saído da omissão e do comodismo, para trabalhar por esta evolução. Mas é preciso que sejam muitos: eu, você e os outros. Todos nós temos nossas pequenas dificuldades, muito a melhorar sempre. O que interessa mesmo é buscar a perfeição, com a inteligência e o livre-arbítrio que nos foram dados. Mas, principalmente, com Amor! Todos nós somos capazes!
Urge que se revolucione e se aprimore a educação, em seu sentido mais amplo! Para que o ser humano reconheça no outro a si próprio. E reconhecendo-o, ame-o. Amar, como se sabe, é querer e fazer o bem ao outro. Basta isto, para que nos tornemos grandes seres humano-espirituais, em nossa essência! E aí, seremos também excelentes profissionais e, principalmente, dignos cidadãos! Todos!
“Vim para que todos tenham Vida e Vida em abundância!”
Elizabeth Silva Nascimento Mouton
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